Para o samurai, a perda da honra era algo inaceitável. Do que viver envergonhado, era preferível que se tirasse a própria vida e para isso existia o seppuku. Além da vergonha por perder uma batalha, de algum ato desleal ou da ordem de um superior, o guerreiro podia se matar também para demonstrar sua opinião contrária.
O seppuku, quando planejado, era um ritual detalhado e repleto de significados. Primeiramente o guerreiro se banha e veste somente roupas brancas (a cor branca significa luto no oriente). Sua comida favorita lhe é servida e quando termina a refeição, o samurai escreve um poema. Geralmente, o kaishakunin (seu ajudante, amigo ou subordinado de confiança) ficava ao seu lado na cerimônia, enquanto ele abria o seu kimono e cravava em seu ventre a wakizashi (espada mais curta) ou tantô (punhal). Terminado o corte, o ajudante executava a sua principal função no ritual, a decapitação.
Quando o suicídio era cometido no campo de batalha, muitas destas etapas eram deixadas de lado e o kaishakunin era, geralmente, o daimyô inimigo. Isso demonstrava que o guerreiro tinha lutado bravamente e merecia morrer com honra.
Algernon Freeman-Midford, um diplomata britânico, presenciou o seppuku de Taki Zenzaburo (que havia ordenado um ataque a um acampamento estrangeiro) e relatou o episódio da seguinte maneira:
“Comandada pelo próprio imperador, a cerimônia ocorreu às 22:30 h em um templo de Seifukuji, o quartel general das tropas de Satsuma.
Taki, sem hesitar e demonstrar emoção alguma confessou: “Eu sozinho ordenei o ataque aos estrangeiros em Kobe e novamente quando eles tentaram escapar. Por este crime eu me desventrarei e imploro aos presentes que me dêem a honra de presenciar o ato”.
Cuidadosamente iniciou o ritual retirando a parte superior de seu kimono e prendeu as mangas embaixo do joelho para que ele caísse para frente e morresse como um nobre cavalheiro japonês. Com firmeza, Taki pegou a espada, fitou-a como se fizesse seus últimos pensamentos e rasgou a barriga. Durante toda a operação ele não moveu um músculo de sua face.
Posicionou-se então o kaishakunin. Segurou a sua espada no ar por um segundo e decapitou Taki em um movimento preciso. O silêncio do recinto era quebrado pelo som do sangue caindo em nossa frente.“
Existiram ainda duas variações do seppuku:Kanshi: motivado principalmente em protesto a algum superior, esta forma de suicídio consistia em, com um profundo corte horizontal no estômago coberto por uma bandagem, o guerreiro aparecia na frente de seu superior e revelava a sua insatisfação e em seguida a ferida.Jigai: o suicídio da mulher era para evitar o estupro por guerreiros inimigos. Elas amarravam as coxas aos tornozelos para que pudessem morrer em uma posição digna e cortavam a veia jugular.
Um dos primeiros registros do seppuku é o de Minamoto Tametomo, conhecido pela sua habilidade no manejo do arco-e-flecha, que se suicidou em 1170 após perder uma batalha para o clã inimigo dos Taira.
Logo após a restauração Meiji, em 1873 o seppuku foi abolido oficialmente como uma forma de punição. No entanto, suicídios desta maneira continuaram a existir voluntariamente. Entre eles, destacam-se o do escritor Yukio Mishima que, em 1970, desventrou-se em protesto à inércia do exército japonês em relação à sua proposta de golpe de estado para que o poder retornasse ao imperador.
O seppuku, quando planejado, era um ritual detalhado e repleto de significados. Primeiramente o guerreiro se banha e veste somente roupas brancas (a cor branca significa luto no oriente). Sua comida favorita lhe é servida e quando termina a refeição, o samurai escreve um poema. Geralmente, o kaishakunin (seu ajudante, amigo ou subordinado de confiança) ficava ao seu lado na cerimônia, enquanto ele abria o seu kimono e cravava em seu ventre a wakizashi (espada mais curta) ou tantô (punhal). Terminado o corte, o ajudante executava a sua principal função no ritual, a decapitação.
Quando o suicídio era cometido no campo de batalha, muitas destas etapas eram deixadas de lado e o kaishakunin era, geralmente, o daimyô inimigo. Isso demonstrava que o guerreiro tinha lutado bravamente e merecia morrer com honra.
Algernon Freeman-Midford, um diplomata britânico, presenciou o seppuku de Taki Zenzaburo (que havia ordenado um ataque a um acampamento estrangeiro) e relatou o episódio da seguinte maneira:
“Comandada pelo próprio imperador, a cerimônia ocorreu às 22:30 h em um templo de Seifukuji, o quartel general das tropas de Satsuma.
Taki, sem hesitar e demonstrar emoção alguma confessou: “Eu sozinho ordenei o ataque aos estrangeiros em Kobe e novamente quando eles tentaram escapar. Por este crime eu me desventrarei e imploro aos presentes que me dêem a honra de presenciar o ato”.
Cuidadosamente iniciou o ritual retirando a parte superior de seu kimono e prendeu as mangas embaixo do joelho para que ele caísse para frente e morresse como um nobre cavalheiro japonês. Com firmeza, Taki pegou a espada, fitou-a como se fizesse seus últimos pensamentos e rasgou a barriga. Durante toda a operação ele não moveu um músculo de sua face.
Posicionou-se então o kaishakunin. Segurou a sua espada no ar por um segundo e decapitou Taki em um movimento preciso. O silêncio do recinto era quebrado pelo som do sangue caindo em nossa frente.“
Existiram ainda duas variações do seppuku:Kanshi: motivado principalmente em protesto a algum superior, esta forma de suicídio consistia em, com um profundo corte horizontal no estômago coberto por uma bandagem, o guerreiro aparecia na frente de seu superior e revelava a sua insatisfação e em seguida a ferida.Jigai: o suicídio da mulher era para evitar o estupro por guerreiros inimigos. Elas amarravam as coxas aos tornozelos para que pudessem morrer em uma posição digna e cortavam a veia jugular.
Um dos primeiros registros do seppuku é o de Minamoto Tametomo, conhecido pela sua habilidade no manejo do arco-e-flecha, que se suicidou em 1170 após perder uma batalha para o clã inimigo dos Taira.
Logo após a restauração Meiji, em 1873 o seppuku foi abolido oficialmente como uma forma de punição. No entanto, suicídios desta maneira continuaram a existir voluntariamente. Entre eles, destacam-se o do escritor Yukio Mishima que, em 1970, desventrou-se em protesto à inércia do exército japonês em relação à sua proposta de golpe de estado para que o poder retornasse ao imperador.