Assisti esse filme nesse fds! não gostei muito mas...ta aí a dica!rs
Um conto de fadas macabro e perturbador, que investe em fortes imagens de sexo e canibalismo. “Jenifer – Instinto Assassino” (EUA, 2005), quinto exemplar da telessérie “Mestres do Terror”, é também um dos exemplares da primeira temporada da série em que se pode visualizar com mais intensidade a assinatura do autor. Embora tenha uma narrativa limpa e clara, sem os devaneios oníricos e a atmosfera de pesadelo irreal que tradicionalmente permeiam o trabalho do italiano , Dario Argento “Jenifer” traz o já tradicional apuro visual do cineasta e conta uma história sombria para atingir um resultado perturbador.
Por conta das limitações impostas pelo rígido cronograma de produção – o orçamento não podia passar de U$ 4,5 milhões, as filmagens tinham que ser concluídas em 10 dias, e parte da equipe tradicional do mestre Argento estava de fora do projeto – muitos fãs chegaram a duvidar de que o diretor conseguisse apresentar um título condizente com sua boa cinematografia. Mas o resultado final está acima das expectativas. OK, pode até não ser um dos trabalhos mais brilhantes do cineasta, mas o fato de não se igualar a “Suspiria” (1977) ou “Phenomena” (1985) não significa fazer feio. Sem falar que está vários degraus acima de bobagens como “A Síndrome de Stendhal” (1996).
A história segue um detetive (Frank Spivey) que, durante uma ronda de rotina, salva uma garota (Carrie Fleming) de ser assassinada por um maluco com um machado. Bom marido e pai de família responsável, o policial fica abalado com a visão da moça, uma gostosa com o rosto deformado. Órfã e muda, ela prova nele um misto de pena e tesão, que o fazer procurá-la no hospital para oferecer abrigo. É o início de uma atração sexual tão irresistível que faz com que o detetive, mesmo vendo tudo o que mais preza – a família, o trabalho, a sanidade – escorrer pelos dedos, não consiga esboçar reação.
“Jenifer” é um filme de Dario Argento, e isso fica evidente depois de alguns minutos de projeção. O trabalho visual é simples e impecável, com abundância de cores fortes e muito uso de vermelho. A trilha sonora, composta pelo parceiro de 20 anos de Argento, Cláudio Simonetti (músico da banda Goblin, que trabalha com o diretor desde 1975), revisita as melodias infantis de caixa de música, minimalistas com um evidente toque sinistro, que Argento sempre soube utilizar para compor um clima de tensão em seus filmes.
O diretor filma tudo com uma objetividade incomum dentro do seu trabalho, certamente impulsionado pela duração diminuta do filme e pela impossibilidade de ser muito detalhista nas filmagens, devido ao prazo exíguo. Acerta, sobretudo, ao fazer uma corajosa associação de sexo e morte, misturando cenas dantescas de canibalismo com relações sexuais de alto teor erótico, elemento quase inexistente na cinematografia do italiano. Embora não seja uma história parecida, “Jenifer” lembra um pouco o caso surreal do serial killer alemão que matou e comeu o amante, com o consentimento deste. Por sugerir que canibalismo tem algum tipo de relação inconsciente com os impulsos sexuais mais violentos, o filme dá o que pensar – e se transforma num dos melhores episódios da série. Muito bom.