sábado, 19 de abril de 2008

indiciados,pai e madrasta de Isabella deixam delegacia após 17 horas.


O casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá deixou às 4h40 deste sábado o 9º DP (Carandiru), na zona norte de São Paulo, após 17 horas de depoimentos. Eles foram indiciados pela morte da menina Isabella, 5, filha de Nardoni e enteada de Jatobá.
Por solicitação dos advogados de defesa, o casal abriu mão de escolta policial para sair da delegacia --a chegada ao DP, na manhã de sexta (18), foi marcada por tumulto e manifestações. As autoridades pediram que assinassem um termo dizendo que abdicavam da proteção por vontade própria e que assumiam responsabilidade pela própria segurança.
Ambos deixaram o DP com os advogados em um carro particular com vidros escuros e foram direto para o apartamento dos pais de Jatobá, em Guarulhos (Grande São Paulo), onde estão os filhos do casal.
Os dois prestavam depoimento desde as 11h30 de sexta-feira (18) --mesmo dia em que Isabella completaria seis anos. O indiciamento oficializa as acusações da Polícia Civil sobre os dois.
A Secretaria de Segurança Pública informou que a demora de quase três horas entre o fim do depoimento de Jatobá e a saída do casal da delegacia ocorreu porque, antes dos acusados assinarem seus depoimentos, foi feita a leitura das declarações-- o documento teria cerca de 33 páginas.
Assista à entrevista com o delegado sobre o indiciamento
Nardoni depôs das 11h30 às 19h, aproximadamente, e Jatobá começou a falar por volta das 19h45. O indiciamento do casal foi confirmado ainda no final da tarde de sexta-feira --mesmo antes de Jatobá ser ouvida-- pelo delegado Aldo Galiano Júnior, diretor do Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital).

Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, pai e madrasta da menina Isabella, indiciados por homicídio nesta sexta-feira (18)
Crime
Isabella, 5, passava o fim de semana com o pai e com a madrasta quando foi jogada do sexto andar do prédio em que o pai mora, no último dia 29 de março. Reportagem de André Caramante, da Folha, publicada na Folha Online na última terça (15) revelou que que, para a Polícia Civil e para o Ministério Público, Nardoni jogou a filha de seu apartamento após Jatobá ter tentado asfixiá-la.
Galiano Júnior não detalhou a participação do casal no crime. "O caso está praticamente solucionado", afirmou. "Os dois serão indiciados por homicídio, artigo 121, e as qualificadoras serão discutidas com a autoridade policial que preside o inquérito. Peço compreensão quanto ao sigilo."
Desde o início das investigações, Nardoni e Jatobá negam as acusações e diz que uma terceira pessoa, provavelmente um criminoso, foi o autor do assassinato.
"Crueldade"
O casal foi levado ao 9º DP para prestar depoimento na manhã desta sexta, sob forte esquema de segurança e sob a presença maciça da imprensa e de curiosos que chamavam os dois de "assassinos".
Reprodução
Ana Carolina Cunha de Oliveira e a filha, Isabella, 5, que foi jogada do sexto andar de um prédio na zona norte de São Paulo
Eles tiveram dificuldade para deixar a casa dos pais de Nardoni, também na zona norte. O casal tentou deixar o imóvel por volta das 10h25. No entanto, devido à confusão, eles recuaram e aguardaram a chegada de policiais civis do GOE (Grupo de Operações Especiais). Policiais militares foram obrigados a montar um cordão de isolamento em frente ao imóvel.
Nardoni e Jatobá, que sairiam em carro particular, deixaram a casa protegidos por escudos da polícia e seguiram em direção à delegacia em um veículo do GOE, sob gritos de "assassinos". Em frente à delegacia, apesar do forte esquema de segurança montado, um grupo de manifestantes aguardava a chegada do casal, também recebido com gritos de "assassinos".

Pela manhã, um dos advogados da família disse que a família "está sendo julgada com crueldade". "Não julguem para não serem julgados", afirmou Ricardo Martins.
Ele considerou "humilhante" e "desesperador" o fato de a família Nardoni ter sido obrigada a contratar três seguranças para poder "dormir em paz"
Isabella
Nesta sexta, quando Isabella completaria seis anos, familiares visitaram o túmulo da menina, no cemitério Parque dos Pinheiros, também na região norte de São Paulo. Pela manhã, a mãe, Ana Carolina Cunha de Oliveira, esteve no local. À tarde, os avós e um tio foram ao cemitério. Além deles, anônimos prestaram homenagens à criança.
Uma cerimônia também foi realizada no Cantinho da Alegria, unidade onde a menina estudou. Crianças, acompanhadas dos pais, rezaram e cantaram músicas religiosas.

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